Quantas imagens pensadas, vistas somente no interior da
mente?
Quantos quadros e matizes que ficaram por se eternizar?
Quantos sonhos não vividos?
Quantas rimas inacabadas?
Quantas expectativas frustradas?
Como saber daquilo que te devora alma pelo simples fato de
não sê-lo?
Como saber?
Do mal existencial que somente se purga no sonho, na raiva,
no torpor, ou quiçá na morte?
O sonho controlado? Incontraláveis desejos...
Toda a verbe que fugidia, que não salta pra folha, fica, se
enraíza em pasto, do voo plano do corvo
Pasto fértil, porque não semeado pra florir em outros olhos,
e contido em si,
Dentro do que sonha
Por dentro e por fora,
O que não solta, se alastra aos poucos, e o toma e o
transforma pasto,
Decifra-me ou devoro-te,
Esse algo que pupula no peito,
que aniquila com o tempo e
que aos poucos controla, e suga a seiva,
A escravinha onde se debruçam os sonhos e palavras contém um
ninho de ovos.