sexta-feira, 3 de agosto de 2012

C'omigu mi desavim

Soneto da perdida esperança

Perdi o bonde e a esperança.

Volto pálido para casa.
A rua é inútil e nenhum auto
passaria sobre meu corpo.

Vou subir a ladeira lenta

em que os caminhos se fundem.
Todos eles conduzem ao
princípio do drama e da flora.

Não sei se estou sofrendo

ou se é alguém que se diverte

por que não? na noite escassa

com um insolúvel flautim.

Entretanto há muito tempo
nós gritamos: sim! ao eterno.
Carlos Drummond de Andrade

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