terça-feira, 26 de outubro de 2010

Hoahsys Tropical

Eu quero Mário em mim,
imaginação,
a lágrima do Selton,

Eu quero Mário em mim,
veia, ossos e pulsção
coração, vida, literatura e emoção,

Eu quero Mário em mim
minha ilusão
um abraço no Trianon,

Eu quero Mário em mim
o Paissandú, o Mam, uma açucena,
Ver meu amor sorrir em Moema,

Eu quero mais,
a pedra lapidada dentro da Paulícéia
Ele não cabe na lápide,

Eu quero o Mário em mim
pra encontrar o Graal Paulista,
uma taça de vinho no Bixiga

Eu quero o mar em mim

LisTa do MerCado

Como se fosse lixo,
Como se fosse água do mar,
Como se fosse a mosca na guela,
Como se dera pancada.

Como se fosse a do Chico,
Como se fosse a luz do cego,
Como se fosse o salto da bailarina,
Como se qusesse perdão.

Como se calasse a noite,
Como se vestir de luto,
Como se organizar para feira,

Como o lixo, como água, como a mosca, como a pancada, como a dele, como a luz, como o salto, como o perdão, como a noite calada, como o vestido de luto, é tudo uma feira.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

das schmutzige Sprechen über dem gewaschenen Bösen

Dia dos professores. Pensei bastante no valor da gratidão e do reconhecimento (às vezes tardio) das coisas que nos são preciosas e que de repente podemos ser privados. Pensei como é lindo poder ser, existir. Pensei também no texto escrito pelo Frei Beto publicado domingo na Folha de São Paulo; elucidador nestes dias onde as pessoas querem muito mais ter, e não medem esforços para tal. Porém todas essas lições parecem ficar esquecidas, bastante esquecidas quando se pensa somente em si. Aconteceu um fato, na sala de aula nesta quinta-feira que me deixou incomodada o dia todo. Tudo começou no inicio do semestre, em uma das disciplinas de poesia da faculdade. Os primeiros 30 minutos não houve poética. Apenas realidade pura. A professora novata deixava claro que teve problemas com uma turma no ano passado, em outra disciplina. E falou bastante. E a cada proposição eu já estava pensando que aquela descrição de problemas passados, em uma disciplina que eu não participei, e de uma turma da qual eu não fazia parte, era uma situação da qual eu não deveria me preocupar. Até que enfim, para nos incentivar, fez sua proposição de atividades. Como explicar? Tudo tornou-se uma verdadeira a salada de frutas, de fichas e de textos. Na semana passada, cinco grupos, tiveram a honra de subir ao palco da classe para falar sobre os aspectos dos dois textos propostos para a aula da semana. E a professora, sentada fazia suas anotações. Foi cansativo. Ouvir repetidamente, as mesmas conclusões dos dois textos, que já havíamos lido. Bom, eu saí da aula cansada, e sem entender qual era o objetivo dessa tática adotada nessas aulas. E esta situação me fez lembrar aquele primeiro dia de aula, quando a própria professora frisou duas coisas: da nossa responsabilidade discente, que estaríamos nos formando para sermos futuros professores, e ainda da responsabilidade social, de estarmos dentro de uma universidade pública, com as palavras dela “ocupando uma cadeira na aqui dentro”. Consciência. E pensei na devolutiva: será que ela tem em mente, a importância do papel dela como professora doutora dentro de uma universidade pública? Qual é o modelo que vai ficar dessa situação? Como querer criar meios coercitivos de leitura, sem o suporte de um método de avaliação coerente? Como esperar o semestre começar, com aulas semanais para servirem de experiência empírica de metodologia? Como não considerar um calendário igualmente reduzido de um semestre, para uma turma que necessariamente deve ter conteúdo para os formandos? E estas questões todas começaram a me incomodar muito, porque como aluna pesquisadora de poesia, definitivamente não sentia proveito nas aulas, e sim sentia obrigada em ter que estar presente. Uma sensação desagradável. Ainda mais, todas as vezes que ouvia um comentário, de reclamação nos corredores. Seja por causa da obrigatoriedade de ler os textos ou ainda da forma de avaliação adotada. Enfim, essas reclamações, chegaram via email à professora chefe de departamento que nos consultou, porém havia somente parte da turma presente na aula na quarta-feira, e hoje, quinta-feira, a professora novata tocou no assunto, com a proposta de colocar os problemas às claras. Mas a classe se dividiu. Alguns falaram em nome próprio. Outros se eximiram, dizendo não saber da existência do email. A professora novata disse não entender porque um email para o departamento se ela esteve sempre disposta a conversar.  Não é o que parecia durante as aulas, a cada semana, com as informações desencontradas sobre as atividades, e falta de tato, eu diria até mesmo falta de respeito às nossas opiniões (aliás, que estivessem certas ou erradas, enquanto alunos em processo de aprendizado, teríamos este direito) desconsiderando nossas percepções, idéias ou contribuições para as aulas. Concordei quando uma colega falou que ela poderia nos levar a ter um olhar apurado para poesia, além disso, é ela quem tem por enquanto, capacidade para nos orientar de forma adequada nesta disciplina. Mas porque isto não está acontecendo? Enquanto, as falas se sucediam havia muitos insatisfeitos calados. Outros por comodidade, ou medo talvez. Não sei. Sei que falei. Primeiramente, o que mais me incomodava: a não aceitação por parte dela das nossas contribuições para aula (apenas preocupada com que lêssemos os textos propostos em cronograma) e do discurso incoerente com a prática. Senti revolta diante dos discursos de “panos quentes” dos dois lados. Então, depois que a professora me chamou novamente à baila, relembrei do seu discurso do início do semestre. Precisei me fazer mais clara, e lembrar que é do erário estadual que ela tem renda, e deve responsabilidade disso. Ela entendeu. Disse que “essa conversa” não tinha haver com o assunto do dia, e que ela não estava ali para discutir. Alguns alunos, realmente merecem este tipo de situação, pois faziam comentários esparsos, não assumiam posicionamento, e outros que até falaram bastante diante da professora chefe de departamento não compareceram  para se manifestar, e a preocupação ficou somente sobre as notas a serem conquistadas e no como conquistá-las. Quem será que está disposto a ocupar de verdade a cadeira que conquistou dentro da universidade? Quando será que notas de zero a um, deixarão de fazer parte das preocupações e discussões para que se tenha um aprendizado consistente e duradouro? E ainda ouvi, depois, o comentário que eu peguei pesado e pareceu que eu seria a autora do email encaminhado. Bom, declaro, não fui eu. Alenta saber que não estou sozinha, que mais alguém percebeu o que anda errado. Comentei o episódio com um colega estrangeiro, estudante na mesma faculdade, e ele reduziu tudo a uma única frase: "infelizmente aqui tem muita hipocrisia".